“Cuiabania: Tecido telúrico e ancestralidades” é o tema que norteia a 8ª edição da live “Conversas ao pé do Cajueiro”, promovida mensalmente pela Casa de Cultura Silva Freire. A transmissão está programada para sexta-feira (26.05), às 17h,
no canal do YouTube.
“O conceito de cuiabania é central na obra de Silva Freire. São muitos os momentos em que o poeta se empenha em tirar do silêncio a riqueza epistemológica do homem do sertão mato-grossense e a subjetividade cuiabana que se traduz nas experiências telúricas, na audição e registro do ‘poema sonoro que este povo fala’ (falar cuiabano). Uma crítica cultural à cidade que se moderniza e não pode deixar à margem as marcas cognitivas do processo histórico da cuiabania”, explica Larissa Silva Freire, coordenadora da Casa de Cultura Silva Freire.
Como de costume, a conversa será mediada pela professora e filósofa Maurília Valderez do Amaral. Participam como convidados o historiador Suelme Fernandes e Cristóvão Luiz Gonçalves da Silva, gerente do Museu de Imagem e do Som de Cuiabá.
“Falar sobre Silva Freire é mergulhar na história, é preservar essa memória poética da nossa terra. Silva Freire era um homem além de seu tempo. Fico muito contente em poder participar dessa ‘conversa ao pé do cajueiro”, e poder falar um pouco sobre a rota da ancestralidade, cravada no centro histórico de Cuiabá”, adianta Cristovão.
Já o historiador Suelme Fernandes destaca a formação histórica e pré-histórica mais primitivas de capital mato-grossense.
“Melting point, como é conhecido pela arqueologia no pantanal, é o lugar onde várias etnias se encontraram no tecido espacial dessa toponímia multifacetada, lugar dos Xarayés, hoje Pantanal. Lugar de tramas inimagináveis de saberes e trocas de tecnologias científicas por vezes amistosas, mas também beligerantes. Cronologia que antecede as efemérides europeias relativas a chegada dos primeiros espanhóis em 1525 e dos portugueses em 1719. Cuiabá é gregária dessa raiz mais profunda, nem sempre perceptiva aos olhos nus dos viajantes. Cultura afluente de mais de 10 mil anos de existências humanas. São muitas descobertas que formam a polifonia cultural do ser cuiabano”, adianta.
A obra de Silva Freire se inscreve no processo de repensar o Brasil em direção a uma nova epistemologia que tem seu nascimento registrado na América Latina, se configurando como uma das contribuições de Mato Grosso à literatura nacional e ao processo de emancipação intelectual brasileira. Mais ainda, a emancipação do nosso país.
Lives, visitas guiadas e oficinas
“Conversas ao pé do cajueiro” é mais uma das ações do ponto de cultura Casa de Cultura Silva Freire. Além das 12 lives mensais, o espaço cultural localizado no Centro Histórico oferta visitas escolares guiadas e oficinas de formação.
Localizada na Rua Cândido Mariano, 707, Centro Norte de Cuiabá, a casa abriga acervo de imensurável valor, com boa parte da produção cultural do poeta Silva Freire, coleção literária (com muitos textos inéditos), fotos, documentos, áudios, vídeos e objetos pessoais, que logo estarão totalmente disponíveis ao acesso público e gratuito.
Ponto de Cultura integrante da Rede de Pontos de Cultura de Mato Grosso, a Casa de Cultura Silva Freire, fundada em 8 de abril de 2010, é uma associação sem fins lucrativos, que possui a finalidade de preservar e difundir a obra do poeta Benedito Sant’Ana da Silva Freire e a produção do movimento Intensivismo e Poema//Processo, por meio da promoção e incentivos à cultura, educação, literatura, arte e ciências no Estado de Mato Grosso.